Com atuação focada por mais de 20 anos na carteira de RC, muitos foram os fatores que contribuíram para o desenvolvimento do mercado e outros tantos que prejudicaram.
Tivemos ondas positivas, como por exemplo, com a chegada do Código de Defesa do Consumidor, vibramos na ocasião pensando agora o seguro de RC Produtos e Serviços decola, pois o consumidor poderá exercer de forma mais clara e objetiva os seus direitos e a indústria precisará se proteger, isto no final dos anos 80 e início de 90. Sim ajudou, mas não foi aquele boom esperado.
No final dos anos 90 chegou ao Brasil o D&O, outra grande esperança e motivação de vendas, desde o início do novo Milênio. Foram altos e baixos, muita especialização, seleção de riscos e veio a massificação, o que levou a carteira de D&O a ser inclusive entendida como não atrativa por alguns corretores, pois o prêmio estava baixo e a necessidade de aprimoramento e conhecimento técnico, estava retido em poucas pessoas e empresas.
Tivemos também muito investimentos nos produtos de Riscos Profissionais. Desde a conhecida barreira de alguns profissionais levantando a bandeira que o RCP traria uma judicialização e aumento das ações, o que vimos durante os anos que foi uma tese sem fundamento e sim chegamos a judicialização em algumas profissões, a qual seguramente não foi motivada pelo Seguro e sim pela consciência e acesso ao judiciário.
Outros fatores e normas influenciam o mercado de RC, o próprio Dano Moral, a leis Ambiental, LGPD, Lava-Jato e grandes sinistros. Me lembro do acidente do Metrô em São Paulo, onde o Governador do Estado regulou o sinistro em rede nacional dizendo para população ficar tranquila pois havia uma apólice de RC para garantir os terceiros e vítimas. Foi sensacional, trouxe uma credibilidade para negócio de Seguro de RC e as vendas dispararam.
Como podem notar são diversos os aspectos que colaboram para que o mercado de RC cresça e atinja o crescimento acima de 20% de 2020 para 2021 e 1,35 em relação aos primeiros 4 meses de 2021 em comparação com mesmo período de 2020. Como foi divulgado pelos meios de comunicação, por exemplo, o CQCS. Não se trata aqui de uma ação isolada e sim uma construção ao longo do tempo.
Os fatores que mais influenciam o crescimento em RC sem dúvida se refere:
– Facilidade e acesso ao produto de RC Profissional;
– Aumento das taxas de D&O globalmente;
– Procura e interesse na comercialização do seguro Ambiental e Transporte Ambiental;
– O próprio Cyber que passa por uma reengenharia apesar de tão pouco tempo de existência, mas tecnologia é isto precisa se ajustar rápido;
– Além, é claro das grandes perdas e sinistros catastróficos.
A mídia também tem nos ajudado bastante com a divulgação de casos e condenações, o que deixa o consumidor preocupado e a população atenta; fórmula ideal para venda do seguro.
Chegou o que era temido no final dos anos 80, com o judiciário abarrotado de processos e ultrapassamos a faixa de 100 milhões de processo, (há dois anos atrás, este numero estava na casa dos 80 milhões de processos).
A pandemia contribui muito ao provocar dois fenômenos, segundo a minha observação é claro. O primeiro a consciência coletiva, você pode causar mal alguém a recíproca e verdadeira, ou seja, clima ideal para abordarmos a necessidade de se proteger e reparar danos. Segundo, a tecnologia a disposição da grande maioria, judiciário online, telemedicina, segurados e corretoras inovando e fundamentalmente as pessoas e empresas percebem que o RC é a oportunidade real e futura. Podem observar a quantidade de pessoas falando de RC ou da Família RC, como eu gosto de falar. Somos bombardeados de informações o tempo inteiro.
Obviamente temos, abertura real do mercado, uma Minuta Circular da SUSEP que pede o fim das circulares que padronizam os seguros de RC e D&O. O próprio Cyber é tratado de forma simplista pelo regulador, bem como a criação de produtos é simples. Há algum tempo, levamos meses e até anos para aprovar um produto novo, agora diria que são apenas semanas.
Acredito que o RC em 2021 chegue aos 3 Bilhões de reais em produção, com uma sinistralidade média de 42% e uma comissão na faixa dos 19%. Ademais temos a chegada de novos players e empresas inovadoras como a MGU Capital, a qual se propõem a ser um grande placement para o mercado de corretores e apoio às Seguradoras.
Como podem notar é uma soma de fatores e queremos compartilhar todos os 37 anos e inovações com vocês.
por Marcio Guerrero, especialista em Responsabilidade Civil da MGU Capital